Febem de Franco da Rocha transfere 244 internos para presídios do interior
Luciana Bonadio, repórter iG em São Paulo
SÃO PAULO - A Febem (Fundação para o Bem-Estar do Menor) de Franco da Rocha começou por volta das
5 horas desta quarta-feira a transferência de 244 internos com mais de 18 anos. Segundo o presidente da Febem, Paulo Sérgio de Oliveira, os infratores serão levados para Centros de Detenção Provisória (CDP) em Hortolândia, Avaré, Suzano e Taubaté.
A medida, segundo Oliveira, visa "proteger a integridade física dos adolescentes e funcionários".
"Essa foi uma decisão do governo que não representa nenhum desrespeito ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e às comissões de Direitos Humanos", afirmou.
A Promotoria da Infância e da Juventude considera "ilegal" a decisão de transferir internos com mais de
18 anos para presídios e deverá entrar na justiça contra a medida.
Para o presidente, a unidade 30 de Franco da Rocha não tem mais condições de habitação depois das duas rebeliões
desta terça-feira. Os internos que continuaram em Franco da Rocha foram transferidos provisoriamente para uma ala
da unidade 31. Oliveira ressaltou que os infratores devem permanecer nos CDPs do interior por apenas 30 dias.
Após as três rebeliões ocorridas ontem em Franco da Rocha, a Tropa de Choque da Polícia Militar permanece de prontidão
no interior da unidade. O motim deixou vários estragos nos prédios e a unidade 31 teve de ser esvaziada por não ter condições de abrigar os internos.
Em janeiro, Fabio Paulino, de 19 anos, o Batoré, e outros três internos com mais de 18 anos, já haviam sido presos em
flagrante e levados para penitenciárias por incitação à rebelião e destruição do patrimônio público, formação de quadrilha, lesão corporal e resistências. A pedido do Ministério Público, a justiça entendeu que estes delitos
não eram graves o suficiente para mantê-los presos e determinou o relaxamento da prisão e o retorno deles para Febem.
Ontem, foi um dia de pânico em Franco da Rocha. O primeiro motim começou no final da noite de segunda-feira na unidade 29,
quando os internos atearam fogo em colchões e móveis. Os infratores incendiaram parte da unidade e fizeram cinco funcionários reféns. Houve confronto e seis menores e um monitor ficaram feridos.
Um funcionário foi liberado uma hora depois, mas os demais só foram libertados por volta das 3h. Soldados da Polícia Militar
de Franco da Rocha cercaram o presídio e o Corpo de Bombeiros de São Paulo deslocou diversos veículos para auxiliar
no combate às chamas. Cinco internos fugiram. Até agora, dois foram recapturados.
A segunda rebelião começou por volta das 10h desta terça-feira. Os infratores subiram nos telhados e queimaram colchões.
A Tropa de Choque entrou por volta das 9h40 na unidade 30 e conseguiu conter os rebelados.
Por volta das 16h30, os 435 da unidade 30 voltaram a se rebelar. Eles subiram nos telhados e queimaram cobertores.
A Tropa de Choque invadiu a unidade e teria disparado balas de borracha contra os infratores.
A unidade 30 - de onde fugiram 121 adolescentes no último sábado - recebeu nesta segunda-feira mais 229 internos que
foram transferidos da unidade 31, que está em reforma. A assessoria da entidade não soube informar se o motim tem
ligação com a transferência dos internos. A unidade 30 pode abrigar 480 adolescentes.
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4/16/2003
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